Wish comemora os 100 anos de história da Disney, mas decepciona nas homenagens

Julio Costa Neto

Por Pedro Belaine

É normal ouvirmos a frase “Eu cresci assistindo isso” quando o tema são animações da Disney. Todas carregadas de emoção, lembranças e, principalmente, inovações na forma de contar histórias. Ainda que com uma fórmula, existia a constante diferenciação ao longo desses 100 anos. Em “Wish”, temos o filme de comemoração desse aniversário, mas que, na realidade, ao invés de nos emocionar, opta por apelar para um passado já revisitado tantas vezes, com uma história tão ruim que me parece aquelas capas de galão de água que colocamos para ficar “mais bonito”, mas sem a capa é feio e pior, vazio, pois parece que beberam toda água ao longo do tempo.

“Wish”, além de ser esse especial, também vem com uma nova animação para o estúdio. Como sempre pontuo, existia um mundo no gênero de animações antes de “Aranhaverso” e agora há um depois. A Disney insistiu em seu estilo que vinha se desgastando, e dessa vez parece ter começado a se adequar às mudanças da indústria, mas ainda sim me parece pobre. Parecia que faltava cor; o filme tinha um tom de azul muito escuro e dificultava até de enxergarmos o que estava a nossa volta, isso ainda nem é o pior. Ao olhar os arredores da cidade de Rosas, não sentia que aquele ambiente estava vivo, talvez o vilão, “Magnífico”, tenha roubado até a vivacidade do local?

A história é uma decepção; o filme busca um referencial na Branca de Neve, se apoia em algumas citações e aparições de personagens clássicas, mas só usa por usar e não dá razão para isso. É um vazio completo, que após 10 minutos fora do cinema, você já terá esquecido do que foi assistido. Mas não é de todo mal; gosto da forma como reimaginaram os 7 anões para a história, apesar de não terem tempo para serem bem adaptados. É possível dar algumas risadinhas com o grupo que acompanha a personagem principal, Asha.

Aqui há todos os estereótipos do estúdio que conhecemos: preocupação com a família, companheiro animal e engraçado, personagem bondosa a todo custo, vilão que é mau porque quer ser mau e por aí vai. De verdade, acho que o único diferencial está na estética de animação, que fica para trás em comparação ao que temos hoje à disposição nos outros estúdios.

Não citei, mas dessa vez a versão dublada não me agradou, e sempre opto por assistir esses filmes dessa forma, mas não foi porque estava mal adaptado e sim porque as músicas perderam muito sua qualidade na versão brasileira. Ao escutar novamente toda a trilha em inglês, existem músicas muito boas que, aqui no Brasil, não ficaram nada legais.

“Wish: O Poder dos Desejos” vem para comemorar os 100 anos de história da Disney e tenta falar sobre como todos temos o direito de continuar sonhando. Acredito que foram esses anos sonhando que levaram o mercado de animações para o patamar que temos hoje em dia. Mas em algum momento, o estúdio parou de visar os sonhos, as histórias e priorizou outras coisas, e em “Wish” fica claro isso. Talvez esteja na hora da Disney deixar um pouco seu passado de lado e sonhar em como construir novas histórias que valem a pena serem contadas. Pois, se depender dessa para inspirar gerações e representar seus gloriosos anos, ficará apenas no desejo mesmo.

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