The Last of Us: grandeza muito além do joystick
Como pode um jogo de vídeo game ser tão bom? Certamente não é nada de novo falarmos que The Last of Us tem jogabilidade excelente, gráficos espetaculares, narrativa perfeita e blá, blá, blá. Essas afirmações estão corretíssimas, mas o que a gente quer mostrar vai além do joystick. A franquia produzida pela Naughty Dog traz sensações incríveis para quem teve a oportunidade de jogar os dois jogos. Principalmente quando elas envolvem questões sociais e quebra de tabus.
Antes de enaltecer a série, vamos aos números significativos, merecidos e conquistados por ela no mundo todo. O primeiro título The Last of Us, lançado em 14 de junho de 2013, para PS3, também remasterizado em 2014 para PS4, ganhou mais de 200 prêmios, incluindo “O Jogo do Ano” em vários países. A sequência lançada em 19 de junho de 2020, The Last of Us – Parte II segue o mesmo ritmo. Sendo premiada nos eventos The Game Awards, Golden Joystick Awards e Brazil Game Awards. E, acredite, vem muito mais por aí.
A história da franquia, de uma forma bem resumida, mostra um surto de uma mutação do fungo Cordyceps que arrasa os EUA em 2013. Os humanos são transformados em monstros canibais, chamados de Infectados. O protagonista Joel, tentando fugir do caos, vê a filha Sarah morrer ao ser baleada. Depois de 20 anos, o pai desolado começa a trabalhar como contrabandista e é contratado para levar a jovem Ellie até a zona de quarentena. O intrigante, é que a garota foi infectada e o corpo dela criou uma defesa que pode ser o antidoto para salvar a civilização. Durante a saga desse fantástico roteiro, The Last of Us apresenta algumas lições extremamente importantes. Quatro delas ganham destaque e servem de ensinamentos para a vida inteira.
Paternidade além dos laços sanguíneos
Joel vive atormentado pela perda precoce da única filha, que morreu nos braços dele. A cada dia, missão e avanço das fases, uma troca de sentimentos mutuo entre ele e Ellie vai construindo um amor puro e verdadeiro. Joel passa a protegê-la com “unhas e dentes”, tomando decisões arriscadas para não expor a menina à morte. Muitas vezes colocando a própria vida em risco e passando por cima das próprias convicções com o intuito de fazer a “nova filha” feliz.
Partilha e solidariedade
Na aventura, é preciso ajudar outras pessoas e também lutar pela vida delas. Por exemplo, em certo momento do The Last of Us, o protagonista Joel acaba ferido gravemente e por conta do inverno, tem que se abrigar nas montanhas. Todo trabalho pesado fica nas mãos de Ellie. Caçar, preparar comida e tentar encontrar remédios são obrigações diárias até a recuperação total de Joel, que se encontra à beira da morte.
Vida entregue a um propósito
Como o organismo de Ellie conseguiu desenvolver uma “cura” para a mutação do fungo Cordyceps, ela sabe que está sendo preparada para um sacrifício. Os médicos precisam remover a parte infectada do cérebro dela na esperança de produzir uma vacina para sanar a infecção globalizada. A adolescente tem a consciência de que o procedimento vai matá-la, mas se coloca à disposição para salvar o mundo. Você teria sensibilidade para isso? O Joel não! Disposto a não deixar Ellie morrer, ele interrompe a cirurgia matando todos os envolvidos. Esse segredo é escondido de Ellie até que ela o descubra, no The Last of Us – Parte II.
Amor e representatividade
No The Last Of Us Parte II, o amor homoafetivo é tratado com muito respeito. Ellie se apaixona e mantém um relacionamento com Dina, que está gravida. As duas chegam a viver juntas por alguns meses em uma fazenda. Quando o filho de Dina nasce, constrói-se, assim uma família.
Essas questões em The Last of US e The Last of Us Parte II agregam aos jogos um alto nível de maturidade. Os temas são abordados de forma genuína, sempre com respeito e sensibilidade.
“É uma das melhores franquias que existe no universo game. É muito importante que o game traga todos esses assuntos que podem quebrar preconceitos e barreiras. Esse jogo me orgulha demais”, vibra o publicitário Carlos de Paula, de 30 anos.
“A história prende sua atenção. São temas delicados, mas de extrema importância. A forma sutil e espontânea como abordam esses pontos é bonito de ver. Ajuda a educar sem imposição”, confessa o MBA em Marketing Digital, Matheus Cavalcanti, de 28 anos.
“As questões levantadas no game tem muito a ver com a sociedade. Faz a gente ser tocado de uma forma mais profunda. A superação dos personagens, a fé, a esperança de dias melhores me motiva a jogar. Faz o jogo ser o melhor de todos os tempos”, diz a publicitária Priscila Silva, de 37 anos.
É quase certeza afirmar que em algum momento dos dois jogos muitos vão chorar. O impacto emocional é digno de uma cena hollywoodiana. Pode acreditar!
Desde criança, Carlos se acostumou a jogar videogame sentado no chão. O que ele não esperava era ter que largar o joystick para enxugar os olhos marejados. “Me emocionei em várias vezes e chorei com a morte do Joel. O jogo é tão verdadeiro, que é inevitável não sofrer. A reação de tristeza da Ellie vendo tudo aquilo me fez largar o controle e ficar pasmo”, revela o publicitário.
No quarto, sentado na cama, Matheus também sentiu o peito apertar. “Quando Ellie retorna para casa e pegar o violão, é uma cena incrível, muito forte e cheia de significados. Não deu pra segurar, chorei muito”.
Assim como os rapazes, Priscila é uma chorona assumida. Jogando sozinha boa parte do tempo, fica mais fácil de a lágrima cair. “Chorei bastante do meio para o final do primeiro jogo. Já na parte 2, é emoção do começo ao fim. É impossível não se emocionar com os laços criados entre as personagens”.
Essas declarações comprovam a intensidade de The Last of Us, classificado para 18 anos. Sem titubear, o game poderia virar um filmaço! Por enquanto, só está confirmada uma série, produzida pela HBO. Os atores principais já foram escolhidos: Pedro Pascal, que atuou em Game of Thrones e The Mandalorian, vai interpretar o Joel.
Já a atriz Bella Ramsey, conhecida pelas atuações em Game of Thrones e em His Dark Materials, foi escolhida para viver a Ellie.
A adaptação de The Las of Us ainda tem Craig Mazin (Chernobyl) na chefia e Neil Druckman, diretor dos dois jogos, na produção executiva. Além do cineasta russo Kantemir Balagov, que vai ser o piloto do show. Os fãs/gamers seguem de olhos abertos e até mesmo preocupados com o que pode surgir.
“Os jogos estão cada vez mais cinematográficos, com narrativas bem elaborada. Criar uma adaptação para a tv ou cinema é algo questionável. Mesmo assim, a HBO é uma excelente produtora e espero que seja fiel ao game”, pontua Carlos.
“A forma como a história foi contada dá margem para termos várias outras narrativas, mas fico com receio da adaptação. Para não me frustrar, deixo ver o que chega. Prefiro ser surpreendido”, diz Matheus.
“É super merecido virar uma série. Toda essa história precisa ser mostrada pra mais pessoas. Principalmente aqueles que não gostam de vídeo game. Meu único receio é que a produção não fique tão fiel ao game e eu acabe decepcionada”, confessa Priscila.
De fato, The Last of Us é uma grandeza muito além do joystick. O jogo ganhou voz nos quatro cantos do planeta. Agora, os jogadores esperam o desfecho da série da HBO, além é claro, do terceiro título do game. Até porque, quem “zerou” os dois primeiros sabe que ainda existe um “futuro incerto” pela frente.
The Las of Us – Trailer Oficial
The Las of Us Parte II – Trailer Oficial
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