Por Pedro Belaine
Ao longo das fases da Marvel, sempre fui muito crítico com filmes que não entregavam nada de especial ou que simplesmente eram ruins, parecendo uma perda de tempo. O que muita gente ignora é que sempre existiram produções assim no MCU. Mas, depois do sucesso absurdo do encerramento da Saga do Infinito, aquele nível de qualidade virou a referência para os fãs, como se sempre tivesse sido o padrão. Só que, olhando para trás, essa nunca foi exatamente a realidade da Marvel.
Claro, de vez em quando aparecem filmes que fogem da curva, mas, no geral, o caminho é construído com histórias seguras, que vão ligando as pontas soltas deixadas ao longo dos anos. Não tem como negar que o gênero de heróis passou por uma crise — tanto de interesse do público quanto de qualidade. Mas também é precipitado decretar o fim depois de sucessos como Guardiões da Galáxia Vol. 3 e Deadpool & Wolverine. Agora, o momento é de reconstrução.

O título Capitão América: Admirável Novo Mundo faz referência ao clássico de Aldous Huxley, que retrata uma sociedade onde o controle não acontece pela repressão direta, mas pela ilusão de liberdade. Em vez da força, o poder usa o prazer e o condicionamento para manter as pessoas conformadas sem que percebam. No filme, vemos o General (ou Presidente) Ross chegando ao poder graças a algoritmos e probabilidades, um tema que tinha um baita potencial, mas que, como já mencionei, está dentro de um filme sem interesse, sem vontade ou talvez até sem capacidade de explorar isso de verdade.
Anthony Mackie está ótimo no papel, mas sofre com um roteiro que, em vez de mostrar com ações que ele é o novo Capitão América e que, através dele, veremos os Vingadores renascerem, precisa reafirmar isso o tempo todo nos diálogos. Fica cansativo e repetitivo, mas foi a escolha do estúdio.

Harrison Ford, por outro lado, entrega tudo. Com o pouco que lhe deram (e foi pouco), ele consegue construir um Ross mais profundo, cheio de dores e ainda mais raivoso. Funciona muito bem e, no meio do filme, protagoniza alguns minutos de puro Marvel, me fazendo pensar: “Rapaz, isso aqui tá MUITO BOM”. Mas foi só isso mesmo…
No fim, Capitão América: Admirável Novo Mundo tem medo de acelerar. Anda o tempo todo com o freio de mão puxado e acaba tropeçando nisso. Não é um desastre, não é um filme ruim, mas também não entrega nada marcante. Fica no meio do caminho, diverte quando precisa, apresenta o que tem que apresentar e organiza o tabuleiro para as produções futuras finalmente tocarem essa história que, agora, parece começar a andar nos trilhos.
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